sexta-feira, 20 de julho de 2012

1200 segundos por Lisboa # 2

Ainda antes de conseguir sair da confusão do metro, em que todos andam aos encontrões e a correr, deparo-me sempre com a mesma situação e cada vez mais fervo.
Apanho o metro de manhã durante a hora de ponta e quando saio do trabalho é o mesmo carnaval. Ganhei o hábito de evitar as escadas rolantes, demoram mais tempo e vai sempre um repolho a estorvar. Ao inicio das escadas está sempre um homem, cabelo desgrenhado e pele escaldada, roupas esfiapadas e de copo estendido para dar uma moedinha. Ao fundo das escadas está outro, desta vez um homem que deve ter a volta de 30 anos, sempre com uma expressão abatida e tem dificuldades motoras - as invés de duas pernas tem duas próteses; o copo estendido também está sempre lá. 
Não tenho nada contra estarem lá, não sou preconceituosa porque o aspecto exterior não é o melhor ou porque têm um problema físico. Nada. O que me deixa a pensar é: Porquê? Porquê ficarem todo o dia sentados no edifício do metro à espera que caia uma moeda de um turista que ficou com pena? Porque é que não tentam mudar?
Atenção que não estou a falar de alto nem de cor. Ouvi uma senhora perguntar o porquê, a resposta a estas perguntas. Pois um deles respondeu que nunca ninguém daria trabalho a uma pessoa com menos capacidades motoras ... que a crise tá a dificultar a vida ... que uns dias até ganhavam uns bons trocos. Pois, secalhar tenho razão para ferver.
Se são só eles? Não. Desde o Rossio até ao Terreiro do Paço são sempre os mesmos, com o mesmo discurso, no mesmo sítio. 
Se fosse há uns tempos eu ficava com pena e com remorsos de não ter ajudado aqueles dois. E hoje? Hoje não. 



2 comentários:

  1. o que chateia mais, pelo menos a mim, é muitos deles não precisarem de pedir. terem uma boa conta bancária!
    beijinhos

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  2. Agora que também ando de metro compreendo bem o que dizes. Não consigo entender esta gente. Mas pior que esses são os romenos que entram no metro para explorar os próprios filhos na arte do pedir. É uma vergonha.

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